Fruto indevido de amor bailarino nefasto,
que carrega sinal completo de labios azuis
e dedos arroxeados
Em que lugar irás achar
novamente tua triste infância,
afogada na gigante dança da
neurogênese fatal ?
Que um dia ajas tu,
completando o último ato,
sem antes desfazer-se de tua
idéia inconclusa de cor púrpura,
que não só arde,
mas fere, sega*
Disseca, cega e seca
E possas tu finalmente dormir
em berço anônimo, se entregando
à tua brônzea sina ancestral,
que traz consigo uma maldade
aliada ao coração,
com toda a sinergia fatal
Sozinhas durante o dia,
são como crianças enganando
a ramaria, vendo todo o sol se pôr,
entre uma e outra agonia.
Se as dez bailarinas vissem refletida
no céu, sua pobre face sem luxúria,
lhes enviariam dez anjos anêmicos,
de axilas profundas,
embalsamados em melancolia
Mesmo que tenham cortado a alvorada
sombra do carvalho, ainda há
um grande mar de estrelas
onde dorme o sonho, que pincela
as verdades inventadas.
"Dez mães chorariam, se vissem
as bailarinas de mãos dadas."
(Por Guilherme R.)
* Segar - Ceifar; cortar.
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